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O CEO da SAP Questiona o Foco da UE nas Gigafábricas de IA: “Não Precisamos de Cinco Datacenters Cheios de Chips”

Christian Klein, CEO da SAP, está a desafiar a estratégia de Bruxelas de investir bilhões na construção de “gigafábricas” de IA por toda a Europa. Numa declaração contundente durante uma conferência de imprensa, Klein questionou se este enorme impulso de infraestrutura realmente responde às necessidades tecnológicas do continente. “Precisamos mesmo de construir cinco datacenters e enchê-los de chips? Duvido,” disse ele, criticando o plano de 20 bilhões de euros da Comissão Europeia, que acaba de receber 76 propostas de locais de 16 países.

Em vez disso, Klein argumenta que a Europa deve concentrar-se no desenvolvimento de aplicações de IA prontas para os negócios — particularmente em setores onde a região já possui forte expertise industrial, como automóvel, químicos e logística. “Nenhum cliente europeu me disse que está a faltar datacenters. A questão é como aplicar a IA no seu contexto empresarial,” afirmou ele.

Klein acredita que a Europa já tem a infraestrutura de que precisa e não precisa tentar alcançar os EUA na fabricação de chips ou na capacidade de datacenters. O que está verdadeiramente em jogo, diz ele, é o controle dos dados e o know-how de aplicação — não quem constrói a infraestrutura física. Na sua visão, a soberania digital deve ser sobre quem detém e controla os dados, não sobre se os servidores são feitos na Europa.

Ele propõe uma abordagem mais estratégica: uma iniciativa “Stargate” europeia focada em financiar startups de IA, escalando soluções de software e formando talentos — em vez de duplicar esforços de hardware existentes. A SAP, que não está à procura de financiamento para infraestrutura, apoia esta filosofia centrada na aplicação e está a investir em IA ao nível do software, não na construção de datacenters.

As observações de Klein são um lembrete agudo de que a vantagem competitiva da Europa pode não residir em megaprojetos de aço e silício, mas em transformar o profundo know-how industrial em ferramentas inteligentes potenciadas por IA — e ao fazê-lo, superando em vez de seguir as estratégias dos EUA.