Portugal está repleto de potencial. Com universidades de topo, empreendedores audaciosos e uma posição estratégica na encruzilhada da Europa e do mundo, possui os recursos para se tornar uma potência de startups. Mas como argumenta Kauan von Novack, ainda não chegámos lá — e sem uma ação governamental audaciosa e estratégica, pode que nunca cheguemos.
O talento não é o problema. Nem as ideias. O que falta é capital paciente de fase inicial — aquele que alimenta as startups antes de terem clientes, receitas ou tração. Em outras palavras, a fase arriscada da qual a maioria dos investidores privados se afasta. E é aí que o Estado deve intervir.
Inspirando-se em modelos internacionais bem-sucedidos como a La French Tech em França, os incentivos fiscais do Reino Unido, e as estratégias de investimento público de Singapura e da Coreia do Sul, von Novack identifica três áreas-chave para a ação governamental:
1. Atraír Capital Privado
Portugal precisa de mecanismos mais inteligentes e rápidos — co-investimento, alívio fiscal e fundos de capital de risco público-privados — para reduzir o risco do investimento em startups e atrair capital tradicional. O acesso deve ser simples, transparente e democrático, e incluir investidores internacionais.
2. Ativar Talento
Estudantes, investigadores e profissionais emigrantes precisam de incentivos claros para criar empresas. O Estado pode incutir isso ao incentivar o empreendedorismo baseado no conhecimento, apoiar a transferência de tecnologia da academia e reconectar o talento português global com oportunidades locais.
3. Dar Boas-Vindas a Fundadores Globais
A qualidade de vida em Portugal é um íman. Mas para nos tornarmos verdadeiramente uma plataforma de acolhimento para empreendedores globais, precisamos de programas de soft-landing, vistos mais rápidos e uma integração perfeita com o ecossistema local.
Para desbloquear o seu potencial de inovação, Portugal deve ser audacioso. Não se trata apenas de financiar startups — trata-se de construir um ambiente onde a inovação se torne uma prioridade nacional. A janela de oportunidade está aberta. Agora é a hora de agir.