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CEO da MEO: “Precisamos Escalar e Digitalizar Rápido — ou Ficar para Trás”

Na Conferência de Lisboa: Europa e Relações Transatlânticas, Ana Figueiredo, CEO da MEO, delineou uma ousada direção estratégica para o gigante das telecomunicações português. A sua mensagem foi clara: a inteligência artificial, a transformação digital e a competitividade futura dependem de uma infraestrutura robusta, segura e escalável — e a Europa não está a avançar rápido o suficiente.

“Precisamos de um mercado único na Europa,” frisou, apontando para a fragmentação do setor das telecomunicações da UE. Enquanto os EUA operam com quatro grandes fornecedores de telecomunicações, a Europa está dividida entre quase 50 — uma falta de escala que limita a rentabilidade, o investimento e, em última instância, a inovação. “Queremos dez campeões regionais. Mas para isso, precisamos de uma ambição ousada e agir rapidamente,” exortou, alinhando-se com o recente relatório de Enrico Letta sobre a competitividade europeia.

A MEO, disse Figueiredo, está a reorientar-se para um modelo digital-primeiro, com foco na preparação para a IA e na automação. Esta mudança reflete uma realidade clara: “Dois terços de todo o tráfego da rede já não são pessoas a falar com pessoas — são máquinas a falar com máquinas.” Esse tráfego máquina a máquina, impulsionado por IA, IoT e computação de borda, deverá disparar, exigindo redes mais fortes e inteligentes.

“IA, educação digital, quantificação — elas não acontecem sem as telecomunicações,” observou. “Sem nós, nada disto funciona.”

Sobre investimento e escala, Figueiredo apontou para uma disparidade preocupante: as telecomunicações dos EUA investem o dobro do que as suas homólogas europeias, em grande parte porque operam em maior escala. “Se não tivermos escala, não posso prometer retornos aos investidores.” E num mundo onde a infraestrutura digital é uma base para energia verde, IA e computação avançada, esta falta de investimento é um risco existencial.

Figueiredo também destacou o papel estratégico de Portugal nesta transformação. Apesar do seu tamanho reduzido, o país possui algumas das melhores conectividades da Europa, ocupando o top cinco. A MEO está a aproveitar esta vantagem através da inovação orientada para a exportação — incluindo equipamentos ópticos dos seus centros de P&D — e a diversificar-se em mercados globais.

Para finalizar, a CEO enfatizou a necessidade de uma liderança visionária em tempos imprevisíveis. “Os CEOs devem desenhar estratégias, avaliar riscos, identificar forças e fraquezas, e focar apenas no que podemos controlar,” concluiu.

Em suma? Se a Europa — e empresas como a MEO — quiserem manter-se competitivas num mundo alimentado por IA e ecossistemas digitais, escala, resiliência e velocidade já não são opcionais — são uma questão de sobrevivência.