O Ministério do Trabalho e a Teleperformance estão a dar relatos muito diferentes sobre como está a decorrer o processo de rescisão coletiva da empresa. Enquanto o Governo insiste que foram detetadas “várias irregularidades” que não foram corrigidas, a Teleperformance mantém que todo o procedimento seguiu a lei e rejeita qualquer má conduta.
O caso remonta a 14 de outubro, quando a rescisão coletiva de 200 trabalhadores na Teleperformance — uma empresa que emprega mais de 14.000 pessoas em Portugal — se tornou pública. Na altura, a empresa justificou a decisão citando um “ambiente de negócios volátil” na Europa, sem sinais de melhoria até 2026. O método de comunicação também gerou controvérsia, uma vez que os trabalhadores afetados foram notificados por videoconferência, levando o Bloco de Esquerda e o PCP a questionar o Ministério do Trabalho.
Na sua resposta na semana passada, o Ministério revelou que a DGERT tinha identificado “várias irregularidades” no processo e emitiu um aviso à empresa que não obteve resposta. A Teleperformance rapidamente contrapôs, dizendo que todos os pedidos de esclarecimento da DGERT e da ACT foram respondidos dentro dos prazos e que não existem irregularidades.
Esclarecendo a situação, o Ministério disse ao ECO que a DGERT encontrou falhas “processuais”, potencialmente envolvendo falhas na comunicação com representantes dos trabalhadores, justificação insuficiente para as despedidas ou violações de prazos e formalidades legalmente exigidas. Visto que estas questões não foram resolvidas, o caso foi encaminhado para a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), que agora irá monitorizar todo o processo até que os contratos sejam formalmente terminados.
Apesar disso, a Teleperformance continua a rejeitar as conclusões do Ministério, afirmando que o processo de despedimento foi “em estrita conformidade com a lei” e que a empresa garantiu uma comunicação proativa e transparente com todos os empregados afetados.
De acordo com o Ministério, o aviso inicial enviado pela Teleperformance abrange 218 trabalhadores — 103 em operações e 115 em funções de apoio — em Lisboa, Porto e Covilhã. A empresa cita razões económicas, de mercado e estruturais, salientando que perdeu 25 projetos e viu outros quatro parcialmente reduzidos a pedido de clientes.