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"Podemos Já Não Ter Um Sentido Crítico Sobre O Que Estamos A Receber": IA Generativa — Ameaça ou Aliada?

Especialistas da Cisco, Sport Lisboa e Benfica, MediaLivre e Vinci Energies Portugal reuniram-se na IT Security Conference 2025 para falar sobre como a inteligência artificial está a mudar a segurança digital em diferentes indústrias.

A principal ideia que surgiu foi que a linha entre inovação e perigo está a tornar-se mais difícil de ver, já que a IA é tanto uma ferramenta de proteção como uma forma de crescimento de ameaças.

Rui Antunes, que trabalha em cibersegurança na Cisco, disse que a IA está a ajudar tanto pessoas boas como más.

“Emails gerados por IA estão agora tão realistas que muitas vezes não nos apercebemos de que não são reais,” disse ele. Também falou sobre os riscos de fugas de dados e como é difícil prever o que os modelos generativos farão. “Se uma empresa não entender realmente como a sua aplicação funciona, como pode saber se a sua IA está a ser mal utilizada?” questionou. Ele disse que essa incerteza pode causar grandes problemas para a reputação e finanças de uma empresa.

Paulo Martins, que dirige IT e operações no Sport Lisboa e Benfica, disse que há um risco maior de informação falsa agora.

“Mesmo o conteúdo que produzimos em formatos digitais e de transmissão pode ser muito alterado,” disse ele. “Podemos não ser capazes de distinguir o que é real.” Luís Amorim, da MediaLivre, acrescentou que vídeos falsos e deepfakes estão a tornar difícil confiar nas notícias e podem prejudicar a democracia. “O nosso negócio está em perigo,” afirmou.

Na indústria de energia, Miguel Gonçalves, o CISO da Vinci Energies Portugal, falou sobre algo chamado “envenenamento de dados” em sistemas críticos.

“Pode danificar mais do que apenas dados — pode também prejudicar a segurança das pessoas,” disse ele. Acredita na boa liderança, formação contínua e em formas inteligentes de monitorizar ameaças.

Apesar dos problemas, o grupo concordou que a IA pode ser útil para proteção.

A Cisco utiliza IA para monitorizar 550 mil milhões de eventos todos os dias e consegue encontrar problemas rapidamente. Para o Benfica, a IA ajuda os fãs a disfrutar mais do jogo e faz com que a equipa funcione mais suavemente. A MediaLivre utiliza IA para oferecer aos leitores conteúdos personalizados melhores, mas Amorim disse: “As pessoas serão sempre aquelas que fazem o conteúdo.”

No final, Gonçalves disse que a verdadeira questão não é se a IA é uma ameaça ou uma ajuda — é se as empresas estão preparadas para entender, controlar e usá-la de forma inteligente e ética antes que saia do controlo.