Pedro Santa Clara, fundador da TUMO Lisboa e da Escola 42, gerou controvérsia com a sua visão sobre a educação em Portugal. Numa entrevista recente, o economista e “super-liberal” atacou o ensino público como obsoleto e rígido, comparando-o ao planeamento central ao estilo soviético. A sua alternativa proposta? Um sistema sem professores tradicionais, dependendo, em vez disso, de treinadores de aprendizagem e líderes de oficinas—geralmente estudantes universitários jovens e precariamente empregados—para guiar os alunos em tarefas práticas assistidas por IA.
A TUMO, originária da Arménia, serve quase 5.000 alunos em Portugal e afirma ser financiada por fundos privados, embora as contribuições municipais em Coimbra, Porto, Matosinhos e Gaia revelem envolvimento de dinheiro público. O modelo de Santa Clara enfatiza habilidades vocacionais em detrimento do conhecimento geral, do pensamento crítico ou da aprendizagem profunda, e situa as ferramentas de IA como mais valiosas do que o conteúdo educacional tradicional. Os críticos notam que isso reflete o sistema de “mentor” de alta rotatividade da Teach for Portugal e arrisca minar a profissionalização dos professores.
Ao defender soluções de educação privatizadas e orientadas pelo mercado, Santa Clara contorna o debate mais amplo sobre a qualidade da educação pública. A sua abordagem pode funcionar em ambientes controlados e bem financiados, mas tem dificuldade em escalar, deixando os professores, as escolas públicas e o sistema educacional vulneráveis a uma maior precarização e comercialização.