O gigante português de embalagens de vidro BA Glass viu os seus lucros descerem quase 60% em 2024, para €157,2 milhões, face a €389 milhões no ano anterior, enquanto lidava com uma fraca procura global e desafios na integração de aquisições recentes no México, Polónia e Reino Unido. O declínio levou ao encerramento da sua fábrica em Egaleo, na Grécia — a última instalação de embalagens de vidro do país — e ao fecho de várias linhas de produção em toda a sua rede.
A empresa, com sede em Vila Nova de Gaia, reportou uma queda acentuada no EBITDA para €402 milhões, com uma margem de 26,4%, em comparação com €533 milhões e 35,7% em 2023. As margens mais fracas foram impulsionadas pelo fraco desempenho das unidades recém-adquiridas, custos de amortização mais elevados e aumentos nos impairment, que arrastaram a margem operacional para 15,9%.
O novo CEO Tiago Moreira da Silva, que substituiu Sandra Santos em fevereiro de 2024, descreveu o ano financeiro como um em que “a maioria das fábricas enfrentou dificuldades”, com desafios macroeconómicos e de mercado a complicarem as operações. O presidente Paulo Azevedo admitiu que, apesar de cortes de custos intensivos e ajustes operacionais, o grupo “não conseguiu alcançar os volumes de vendas necessários nem os níveis de rentabilidade desejados”.
No total, a BA Glass reportou €1,53 mil milhões em vendas — um aumento marginal de 0,6% em relação ao ano anterior — suportado pelo crescimento nos segmentos de embalagens de alimentos, cervejas e bebidas espirituosas, especialmente na Polónia e no México. No entanto, a procura no mercado de tequila ficou aquém, enquanto os elevados níveis de stock e a recuperação lenta no setor de embalagens de vidro obrigaram a empresa a reduzir a capacidade de produção em 4,5% pelo segundo ano consecutivo.
O encerramento da instalação de Egaleo, adquirida em 2017 como parte de um acordo de €500 milhões pelo Grupo Yioula, resultou na perda de 140 empregos permanentes e dezenas de posições temporárias e contratuais. O grupo citou limitações estruturais e elevados custos de modernização como razões para o encerramento da planta envelhecida.
Apesar do revés, a BA Glass destacou esforços para aumentar a sustentabilidade, reportando que a aquisição da Recresco, com sede no Reino Unido, elevou a sua utilização de vidro reciclado para 40,6%. A empresa investiu €178 milhões em 2024 — principalmente em atualizações de fornos em Portugal e Bulgária — uma diminuição em relação ao recorde de €203 milhões no ano anterior.
Com 4.869 funcionários em sete países, a BA Glass produziu mais de 11 mil milhões de garrafas e frascos em 2024. Os frascos de alimentos representam agora 34% das vendas, seguidos da cerveja (26%), vinho (13%), refrigerantes (13%) e bebidas espirituosas (13%).
Olhando para o futuro, o CEO Tiago Moreira da Silva enfatizou a necessidade de frugalidade e resiliência, alertando para os riscos decorrentes da instabilidade geopolítica e pressões tarifárias. Ele concluiu:
“É importante ser conservador, mas ousado; paciente, mas reativo — e consistente nos nossos esforços para melhorar todos os dias.”